Em um mês, a paranaense Lucimara Mendes, de 28 anos, percorreu 12 mil
quilômetros de moto. Sozinha, a motociclista deixou o Paraná, desceu até
o Rio Grande do Sul e, depois, subiu de novo até o Ceará pelo litoral
brasileiro. Na verdade, Lucimara diz que não fez o trajeto sozinha. "Fui
com a Estrela, minha moto e minha melhor parceira. Estrela porque
brilha que só ela", explica. A viagem começou no dia 24 de outubro e
terminou na segunda-feira (24/11), em Palmeira, na região dos Campos Gerais
do Paraná, cidade em que a instrutora de autoescola mora. “Por todos os
lugares que passei, as pessoas ficaram espantadas. Não são todos os
dias que uma mulher resolve, sozinha, viajar de moto pelo país. Eu me
sinto realizada”, revela.
Além do Paraná,
Lucimara visitou Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de
Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte, Ceará e Minas Gerais. Ela estima que tenha
conhecido pelo menos 30 cidades e passado por outros 200 municípios. No
caminho, teve vinho em Gramado, foto de braços abertos com o Cristo
Redentor, mergulho com os peixes e passeio de buggy em Porto de Galinhas
e, claro, teve pão de queijo em Poços de Caldas.
Planejamento
A viagem foi perfeita, segundo Lucimara. Para tanto, a motoqueira
explica que começou a planejar os detalhes do percurso com quase um ano
de antecedência. Toda a rota pelo interior dos 14 estados pelos quais
ela passou foi traçada depois de muitas pesquisas.
A instrutora diz que definiu previamente, inclusive, por quais estradas
viajaria. “Optei pelas rodovias que ofereciam algum tipo de assistência
caso aparecesse algum problema no meio do caminho”, afirma.
As reservas nos 20 hotéis e hostels em que a motoqueira se hospedou
durante a viagem também foram feitas todas antes. “Nem todas as cidades
tinham hostels. Mas, nas cidades que tinham, não pensei duas vezes antes
de fazer a reserva. Não me arrependi nem um pouco. São lugares limpos,
bem organizados e que oferecem boas refeições, como o café da manhã",
afirma. A motoqueira diz ainda que teve que dividir os quartos com gente
de todos os cantos do Brasil. "Eu achei ótimo. Fiz várias amizades e
ouvi muitas histórias que vou levar para toda a vida, sem dúvidas",
acredita.
A viagem
Para cumprir o roteiro, Lucimara lembra que deixava os lugares em que
dormia bem cedo. “Todos os dias, por volta das 6h, eu subia na minha
moto e estacionava às 17h, quando começava a escurecer”, lembra. Na
estrada, ao longo de um mês, a motoqueira relata que choveu bastante,
ventou demais e também fez sol de rachar. Para se proteger da chuva, a
instrutora conta que usou uma capa em vez de parar o trajeto. “Mas, pior
do que chuva forte, foi o sol escaldante. Em Fortaleza, no Ceará,
chegou a fazer 41ºC. A sensação térmica era muito maior”, lembra.
Conforme Lucimara, passar protetor solar não foi suficiente para se
proteger. “Tive que usar uma blusa pesada para não me queimar inteira”,
lembra.
A peça de roupa foi uma das únicas de frio que ela colocou na bagagem,
levada no baú da Estrela e em uma pequena mochila. E Lucimara garante
que não faltou nada e ainda sobrou espaço. “Levei roupas, sapatos,
bijouterias, cosméticos, chapinha, um diário para registrar os
detalhes... coube tudinho”, garante. A motoqueira brinca que é uma
exceção entre as mulheres. “Geralmente, elas precisam de malas gigantes
para quando vão viajar. O baú da Estrela e a mochila foram suficientes
para mim”, afirma.
Ao longo do trajeto, a motoqueira conta que, constantemente, atualizou
as redes sociais com fotografias e postagens sobre a viagem. “Todos os
meus amigos, minha família e até quem não me conhecia passaram a
acompanhar virtualmente os meus passeios. Foi muito legal ver que eles
também ficaram empolgados”, revela. Segundo ela, ao fim do roteiro,
havia mais de 3 mil fotos tiradas.
Agora, em casa, Lucimara já planeja a próxima viagem com a Estrela, que
marca 36.489 quilômetros rodados. O destino é a Patagônia. Para chegar
lá, a motoqueira estima que sejam necessários percorrer mais de 16 mil
quilômetros. “Pegar um avião, para mim, não tem graça. Eu preferi e
sempre vou preferir ir de moto para aproveitar cada detalhe ao longo do
caminho. É o meu jeito de me sentir livre”, revela.
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