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janeiro 23, 2010

Sequestro em Astorga

Até o final da tarde de sexta-feira (22) a polícia ainda não havia identificado os integrantes de uma quadrilha que há uma semana sequestrou a esposa e a filha do empresário Wilton Ribeiro de Campos, de Astorga, e fugiu levando R$ 55 mil. Foi o primeiro sequestro com êxito registrado no Paraná nos últimos oito anos. A Polícia Civil só foi informada do caso cerca de uma hora após o pagamento do resgate, feito em Maringá, e desconhecia os procedimentos adotados pela Polícia Militar, que monitorou a situação do início ao fim. O desfecho só tornou público na tarde de quinta-feira passada.

O sequestro começou por volta das 22h30 do último dia 15, depois que um homem encapuzado e armado de pistola surpreendeu o empresário, 48 anos, e sua esposa, Vânia Maria Zambon de Campos, da mesma idade, no interior da residência, localizada na Rua 9 de Julho, 126, centro de Astorga. O casal assistia à televisão quando o bandido apontou a arma por meio da janela da sala – que tem grades, mas estava com os vidros abertos – e ordenou que a porta da cozinha fosse aberta. Com a esposa sob a mira de uma arma, o empresário atendeu a ordem.
Ao abrir na porta, Wilton foi rendido por outro assaltante, também encapuzado e empunhando uma pistola. De imediato, o assaltante tomou um sobretudo do empresário e o vestiu. Ele manteve as mãos dentro dos bolsos, supostamente para esconder alguma tatuagem ou cicatriz. A partir daí, a dupla passou a exigir dinheiro, avisando as vítimas que teria recebido uma “informação quente” de que na casa existia um cofre contendo R$ 200 mil. Após explicar que não havia cofre, nem o dinheiro, as vítimas foram surpreendidas com a chegada de um terceiro homem, também encapuzado e armado de pistola.
Uísque e vinho

Enquanto um dos bandidos mantinha as vítimas sob vigilância, na sala, os outros dois passaram a revirar os cômodos da casa. Sem saber o que acontecia no interior da residência, o filho mais novo do casal, de 12 anos, chegou por volta das 23h20 e foi rendido. Um amigo do garoto, de 16 anos, chegou em seguida e também foi dominado.
Demonstrando calma, os bandidos passaram a beber uísque e vinho, enquanto aguardavam a chegada de outros dois filhos do casal, uma jovem de 19 anos e um rapaz de 22 anos, que chegaram por volta de meia-noite. Em meio a ameaças de morte, todos foram alertados a não acionar a polícia. Por volta de 1h30, após recolher joias, relógio de pulso, cinco celulares, R$ 2 mil em dinheiro e uma garrafa de uísque Royal Salute, os bandidos anunciaram o sequestro, dizendo que levariam a esposa e a filha do empresário.
Eles deixaram a casa em um veículo Zafira, que estava na garagem, e fixaram o resgate em R$ 200 mil. Um dos bandidos alertou que o prazo para entrega do dinheiro encerraria à meia-noite de domingo (17), mas logo em seguida ampliou o prazo para a meia-noite de segunda-feira. “Não avisem a polícia. Temos informantes em Maringá e ficaremos sabendo”, ameaçaram antes de deixar a casa.
Meia hora depois, o empresário foi à casa de um irmão, Wilson Menk Campos, e contou o que havia ocorrido. Wilson avisou alguns amigos, que se encarregaram de acionar a Polícia Militar de Astorga. Somente às 4 horas da madrugada, um oficial da PM e um soldado foram à residência do empresário. A PM ainda estava na casa quando, por volta das 5 horas, os sequestradores fizeram o primeiro contato telefônico.
Do outro lado da linha, a esposa do empresário avisou que estava tudo bem e implorou para que a polícia não fosse avisada. O empresário passou então a ligar para amigos, pedindo ajuda para levantar a quantia exigida.
Acerto de valor

Por volta das 8h30, um dos sequestradores voltou a ligar. Queria saber se o empresário já tinha dinheiro e foi informado que a família só havia conseguido R$ 55 mil. O sequestrador interrompeu a conversa avisando que ligaria novamente. Para a surpresa da família, ele retornou a ligação em seguida e avisou que o valor já era suficiente.
Novo contato foi feito uma hora depois, com o sequestrador querendo certificar se o dinheiro estava em mãos. Antes de desligar, ele avisou que daria mais um telefonema, para marcar a hora e o local da entrega do resgate. Nesse momento, temendo pela vida da esposa e da filha, o empresário pediu para que a PM não tomasse nenhuma providência.
Por volta das 12 horas, a esposa do empresário foi liberada, para ir na sua casa buscar o dinheiro e levá-lo ao pátio do posto Matsuda, em Maringá. Sua filha ficou com os bandidos. Vânia pegou os R$ 55 mil com o marido e levou para os sequestradores, no local exigido. Aí os bandidos exigiram que ela os levasse até outro ponto da rodovia, onde um táxi os estaria esperando.
No entanto, os sequestradores desceram no caminho e sumiram, deixando mãe e filha no carro. Dali, as duas foram para o Hospital Santa Rita, onde aguardaram familiares e amigos. Em seguida, as vítimas seguiram para o 4º Batalhão da PM e se reuniram com o comandante, tenente-coronel Paulo Sérgio Larson Carstens, e outros oficiais. A Polícia Civil de Maringá só foi informada do seqüestro por volta das 14 horas.


(Roberto Silva/Edmundo Pacheco/Luiz de Carvalho/o diário Maringá)


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