No mês de maio costumamos cultivar um amor devocional mais intenso a Virgem Maria, Mãe de Jesus.
Devido
a uma íntima e profunda união com seu filho Jesus, Maria ocupa uma
especial e determinante posição na história da salvação. A tradição da
Igreja e a piedade cristã jamais deixaram de lado essa ligação
indissolúvel e a essencial referência da Virgem Maria ao divino
Salvador: “ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho,
nascido duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam
sujeitos à Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque
vós sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu
Filho, que clama: "Abbá! Pai!"" (Gl 4, 4-6). “Trata-se, de fato, de
palavras que celebram conjuntamente o amor do Pai, a missão do Filho, o
dom do Espírito Santo, a mulher da qual nasceu o Redentor e a nossa
filiação divina, no mistério da "plenitude dos tempos" (S. João Paulo
II).
Maria
é a mulher “cheia de graça e a bendita entre todas as mulheres” (Cf. Lc
1, 28. 42). Mas esta graça e esta bênção, derramada em Maria por obra
do próprio Cristo, não é um tesouro somente para ela, mas sim, uma graça
e uma bênção para toda a humanidade. Em Maria, pelo poder do Espírito
Santo, somos todos abençoados por Deus em Jesus Cristo.
Deus se tornou humano graças ao sim de Maria. No momento em que ela disse:
“Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc
1, 38), tornou-se possível a presença física de Deus na terra. Louvemos a
Deus pela palavra generosa da Menina de Nazaré. E nós também, como
Isabel, dizemos a Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o
fruto do teu ventre” (Lc 1, 42).
Maria
de Nazaré é identificada por Isabel, esposa de Zacarias, como a mãe do
Filho de Deus: "Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu
Senhor?" (Lc 1, 43).
Na
Sexta-Feira Santa, aos pés da cruz, Jesus agonizante olhou com muito
amor para ela e lhe entregou seu discípulo amado, João, que a todos nós
representava naquele derradeiro momento. E também, olhando para o
discípulo, a ele Jesus lhe entregou sua querida Mãe. Daquela hora em
diante, diz a Palavra, o discípulo a levou para sua casa (Cf. Jo 19,
26-27). A respeito disso o Papa Francisco nos diz em sua exortação
“Evangelho da Alegria” nº 285: “Estas palavras de Jesus, no
limiar da morte, não exprimem primariamente uma terna preocupação por
sua Mãe; mas são, antes, uma fórmula de revelação que manifesta o
mistério duma missão salvífica especial. Jesus deixava-nos a sua Mãe
como nossa Mãe. E só depois de fazer isto é que Jesus pôde sentir que
“tudo se consumara” (Jo 19, 28). Ao pé da cruz, na hora suprema
da nova criação, Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a Ela, porque não
quer que caminhemos sem uma mãe; e, nesta imagem materna, o povo lê
todos os mistérios do Evangelho. Não é do agrado do Senhor que falte à
sua Igreja o ícone feminino. Ela, que O gerou com tanta fé, também
acompanha “o resto da sua descendência, isto é, os que observam os
mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus” (Ap 12, 17).
Maria
estava com os apóstolos no dia em que eles receberam o Espírito Santo,
sim ela sempre está onde a Igreja se encontra, e por isso “tornou-se
possível a explosão missionária que se deu no Pentecostes. Ela é a Mãe
da Igreja evangelizadora e, sem Ela, não podemos compreender cabalmente o
espírito da nova evangelização” (Papa Francisco).
Como
Maria, mulher contemplativa, mulher orante e trabalhadora, mulher que
agüenta firme o sofrimento, sem perder a esperança, mulher que levanta e
vai “às pressas às montanhas” para ajudar Isabel, estejamos também
sempre de prontidão para sairmos ao encontro dos outros para ajudá-los.
† Celso A. Marchiori
Bispo de Apucarana
Nenhum comentário:
Postar um comentário