Em Curitiba, onde palestrou na abertura do Congresso Brasileiro de
Direito Eleitoral, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB),
participou do que seria um encontro do PMDB do Paraná para homenageá-lo,
mas foi, na interpretação dele mesmo, um evento para mostrar ao
presidente de honra do PMDB nacional o apoio dos mais de 650 convidados à
pré-candidatura do senador Roberto Requião ao governo do Estado.
Medindo as palavras, o vice-presidente chegou a dizer que a tese
preferida da direção nacional do partido é a candidatura própria, mas
destacou que respeitará a autonomia do diretório estadual.
"Temos uma democracia interna extraordinária, tanto que
admitimos as mais variadas divergências. A tese do PMDB é candidatura
própria onde seja possível, mas eu reitero a soberania dos diretórios
locais. Temos até estados que não poderão acompanhar nossa aliança
nacional, por conta de uma realidade muito antiga", disse Temer. "Aqui,
vejo grande entusiasmo pela candidatura do Requião, que tem qualificação
para ocupar qualquer cargo no País, mas o diretório local que vai
decidir, nem é o diretório não, é a convenção estadual e Requião tem
todas as condições de ir à convenção e vencê-la. Mas quero pedir é pela
unidade. Podem divergir quanto quiserem, mas no momento que se encerrar a
convenção, quero todos juntos", acrescentou, para uma plateia formada
por 99% de defensores da candidatura de Requião, exceto o ex-governador
Orlando Pessuti e o presidente estadual do Partido, Osmar Serraglio.
Apesar da declaração fria, Requião comemorou a presença de Temer
no evento e disse que o vice-presidente não está em cima do muro. "O
Temer é presidente do partido. Ele não pode antecipar uma convenção. E
ele não vota no Paraná. Mas que muro é esse se ele veio aqui?",
questionou. Requião foi mais brando do que de costume com os deputados
que aderiram ao governo Beto Richa (PSDB) e defendem a coligação com o
tucano. "Eles acharam que se ligando ao governo poderiam atender melhor
seus municípios. Foi um erro, mas esse governo acabou envolvendo os
parlamentares. Os deputados que erraram, vão corrigir, pois
compreenderão que mais importante que 50 ou 60 cargos em comissão é a
atenção aos professores, aos trabalhadores, aos funcionários públicos, à
população do Paraná."
Logo após o discurso, em entrevista à imprensa, ele não quis
comentar se adotaria a postura de unidade pedida por Temer caso perca a
convenção. "Isso é rigorosamente impossível. O PMDB não está à venda e
não vai apoiar um governador que não governa. Não existe essa hipótese.
Nós vamos ter uma convenção. A democracia se estabelece pela vontade da
maioria e quando eles (os deputados que defendem a aliança) voltarem, os
receberei como filhos pródigos."
folhaweb.com.br
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