Quando encomendou a pintura da famosa capela, o Papa deu uma série de recomendações a Michelangelo: cenas do Antigo Testamento, profetas, apóstolos…O pintor não ficou muito satisfeito, mas mesmo assim concordou.
Começou a fazer o trabalho de acordo com as instruções recebidas, e embora todos elogiassem, ele estava insatisfeito com os resultados.
Um domingo foi descansar em uma taberna do Trastevere, que tinha fama de servir o melhor vinho de Roma. Pediu um copo, achou a bebida um pouco avinagrada, mas nada disse – afinal de contas, o local era conhecido pela qualidade, e talvez seu paladar que estivesse errado! De repente, um homem na mesa ao lado levantou-se e reclamou: “Este vinho não presta!”.
O taberneiro pareceu surpreso: “Não é possível, servimos o que há de melhor nesta cidade! Deixe-me experimentá-lo”. Bebeu um pouco, olhou para o freguês, puxou uma faca, e disse: “Tem razão. Não merece ser servido aqui”.Com a lâmina rasgou os recipientes de couro, e a rua foi inundada por um rio vermelho.
Naquele mesmo instante, Michelangelo teve uma revelação: todos pensavam que a pintura que estava executando era a melhor de Roma, como o vinho daquela taberna. Ele até então não se atrevera a dizer nada, porque era a opinião da maioria, inclusive do Papa!
Levantou-se na mesma hora, foi até os murais, apagou tudo e recomeçou de novo. Foi chamado de louco por todos, mas conseguiu criar um mural que até hoje é considerado como um marco na história da arte.
Comenta Dom Rafael: “precisamos ter a valentia de rasgar, cortar, queimar, para poder recomeçar e reconstruir”.
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