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março 30, 2011

Sem piscar os olhos

Durante uma guerra civil na Coreia, certo general avançava implacavelmente com suas tropas, tomando província atrás de província, e destruindo tudo o que encontrava a sua frente.
O povo de uma cidade, ao saber que o general se aproximava – e tendo ouvido histórias de sua crueldade – fugiu para uma montanha nas cercanias.
As tropas encontraram as casas vazias. Depois de muito vasculhar, descobriram um monge Zen, que havia permanecido no local. O general mandou que ele viesse a sua presença, mas o monge não obedeceu.
Furioso, o general foi até ele:
“Você não deve saber quem eu sou!”, esbravejou. “Eu sou aquele capaz de perfurar o seu peito com a minha espada, sem piscar os olhos!”
O mestre Zen virou-se e respondeu serenamente:
“O senhor tampouco deve saber quem eu sou. Eu sou aquele capaz de ser perfurado por uma espada, sem piscar os olhos”.
Ouvindo isso, o general curvou-se, fez uma reverência, e se retirou.

(Paulo Coelho)

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