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outubro 23, 2013

Brasília amarela pode ajudar idoso a reencontrar irmã após 30 anos longe



Uma Brasília amarela ao estilo Mamonas Assassinas poderá ser a passagem para acabar com a distância de 2 mil quilômetros entre Taquaritinga (SP) e Aracaju (SE), que separa há 30 anos os irmãos Edvaldo José dos Santos, de 75 anos, e Maria Nair dos Santos, de 83 anos. No início deste mês, a mulher de Santos ganhou a Brasília em uma rifa e teve a ideia de vendê-la para tentar realizar o sonho do marido: o de rever a irmã. Com o dinheiro, eles planejam viajar ao Nordeste. “Minha maior emoção seria poder rever minha irmã”, diz Santos.
A aposentada Iolanda dos Santos, de 73 anos, foi quem comprou a rifa da Brasília amarela. A princípio, a ideia de adquirir o bilhete se restringia a ajudar a Associação dos Voluntários no Combate ao Câncer de Taquaritinga (AVCC), já que todos os meses, dona Iolanda contribui com a entidade.
A idosa comprou o bilhete por R$ 10 - foram vendidos 10 mil números – e no dia 16 de outubro o número da rifa dela foi sorteado pela Loteria Federal. Com o carro em mãos e diante do drama de Santos, longe da irmã, dona Iolanda decidiu vender o veículo e usar o dinheiro para pagar as passagens até Aracaju. “Já estávamos planejando para ir no ano que vem, mas só daria se fizéssemos um empréstimo no banco. Agora com o carro, vai ficar mais fácil. Meu marido sente muitas saudades da irmã”, relata a aposentada.
Assim como muitos migrantes nordestinos, Santos deixou a família de nove irmãos em Aracaju e veio para São Paulo, aos 12 anos, em busca de trabalho. Foi jogador da Portuguesa e conheceu Iolanda em um dos jogos. Eles se casaram no dia 9 de julho de 1966 e não tiveram filhos.
Neste intervalo, Santos reencontrou a irmã duas vezes – a primeira em 1965, quando ele esteve em Aracajú para visitar a mãe, que estava doente; a segunda e última vez, em 1983, quando Maria Nair viajou até o sudeste. “Minha irmã veio para São Paulo em 1983. Minhas cunhadas e meus irmãos moravam em São Paulo na época. De lá, ela apareceu aqui em Taquaritinga. Veio ela, uma cunhada e minha irmã mais velha, que já faleceu. Elas chegaram sem eu esperar. Vieram de surpresa. A emoção foi muito grande, só alegria. Elas passaram uma semana aqui e depois foram embora”, relembra o aposentado. Desde então, eles se falam apenas por telefone, o que aumenta a ansiedade pelo reencontro.
Agora, o aposentado e a mulher buscam conseguir um comprador para a Brasília e viajar até Aracaju. “Ela é minha única irmã viva. Preciso viajar, esse é o meu maior sonho. Fiquei emocionado quando ganhamos a Brasília, mas minha emoção maior é poder viajar pra ver minha irmã”, diz Santos.
Com a venda da Brasília amarela ano 1979, o casal espera conseguir entre R$ 15 mil e R$ 20 mil e conta com uma grande ajuda. “Não temos condições de negociar sozinhos, porque não sabemos quanto custa esse carro. Vamos deixar nas mãos da AVCC para arrumar um comprador”, revela dona Iolanda. Em retribuição, a aposentada doará uma parte do dinheiro à Associação de Taquaritinga, para ajudar os pacientes com câncer.
A presidente da AVCC, Elídia Miquelini, ajuda na negociação. “Me comprometi em ajudá-los, porque essa é uma ótima causa. Se acharmos um comprador que pague os R$ 15 mil ou mais, poderemos realizar o sonho de um aposentado de visitar sua terra natal”, explica.

(G1)

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