No dia de Natal, um jornal francês contou a seguinte história:
Uma professora pediu à turma do primeiro ano para desenhar alguma coisa pela qual deviam ficar contentes na noite da festa maior da Cristandade. Antes dos trabalhos serem entregues, ela já tinha certeza do que iria receber: como a escola estava situada em uma vizinhança pobre, certamente os alunos lhe entregariam desenhos de perus, pães, e outras iguarias que - com muito sacrifício - seus pais haviam comprado para celebrar aquele dia.
E aconteceu como previsto. Entretanto, no meio de todos os desenhos, ela encontrou um que era diferente de todos os demais. - Quem fez isso? - perguntou a professora.
Um aluno levantou o braço.
- Mas isso é apenas o contorno de uma simples mão!
O menino não respondeu nada. A professora aproveitou a ocasião para perguntar aos outros alunos como eles interpretavam aquele desenho.
- Acho que é a mão de Deus que nos dá a comida – disse uma criança.
- Um fabricante de brinquedos – disse outro – porque tem muitas encomendas de Papai Noel nesta época do ano.
Finalmente, depois de uma série de respostas, ela se aproximou do menino e perguntou de quem era a mão que desenhara.
- É a sua.
Ela se lembrou então de quantas vezes, no recreio, tinha levado o menino pela mão. Embora fizesse o mesmo com outras crianças, talvez aquilo significasse muito para ele.
- Nunca tinha pensado que minha mão fosse tão importante – comentou, meio sem graça.
- Por favor, faça com que ela continue trabalhando também durante o próximo ano – respondeu o menino, também meio sem jeito. – Eu preciso dela. Quero ter o mesmo presente no Natal do ano que vem.
Paulo Coelho
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