Hilda Maia Valentim, conhecida como Hilda Furacão, morreu na manhã
desta segunda-feira (29/12) no asilo Guillermo Rawson, em Buenos Aires, na
Argentina, segundo informou ao G1 o diretor da instituição, Jorge Stolbizer. Ela foi eternizada em um livro escrito por Roberto Drummond. A história virou minissérie, exibida em 1998 pela TV Globo, na qual Ana Paula Arósio representou a personagem.
Hilda era viúva do ex-jogador do Boca Juniors Paulo Valentim (foto 2). O
jornalista Ivan Drummond, sobrinho de Roberto Drummond, foi quem
localizou Hilda no país vizinho. Uma assistente social brasileira entrou
em contato com Ivan após elucidar a história da paciente. Em agosto de
2014, a reportagem do fantástico foi até o asilo e conversou com Hilda, que na época estava com 83 anos.
De acordo com Jorge Stolbizer, a morte aconteceu às 10h10 por "causas
multiorgânicas" – ela começou a ficar debilitada por um problema
respiratório, depois agravado por uma falha renal. Hilda era mantida
numa ala de internação há oito meses devido à saúde frágil. Até um mês
atrás, estava totalmente lúcida. Depois, passou a ter “flashes”
eventuais de lucidez.
Segundo Stolbizer, ela nunca foi visitada por familiares enquanto
esteve no asilo e, por enquanto, não foi possível localizar nenhum
parente para encaminhar as questões ligadas ao enterro. Se ninguém
próximo fizer contato, Hilda deve ser enterrada no Cemitério de
Chacarita, na capital argentina.
Viúva desde 1984, ela morava com um filho até que ele morreu, no ano
passado. Hilda sofreu uma queda e ficou internada seis meses em um
hospital público em Buenos Aires. Depois ela foi levada para o asilo
mantido pela prefeitura. Foi aí que começou a ser desvendada parte do
mistério.
A assistente social Marisa Barcellos, brasileira, foi quem correu atrás
do passado dela. “Conheci a Hilda e comecei a pesquisar e a recuperar
parte de documentação e a identidade da Hilda. E chegamos a essa
história fantástica da Hilda Furacão. Ou da Hilda Maia Valentim, viúva
de Paulo Valentim, um grande herói do Boca Juniors”, disse a assistente
social Marisa Barcellos, em entrevista ao Fantástico.
Na obra, Hilda é descrita como uma mulher linda, jovem da alta
sociedade mineira que larga a família e se transforma em uma das mais
famosas prostitutas de Belo Horizonte na década de 1950. A rainha da
zona boêmia deixava os homens loucos, entre eles, até um frei
dominicano, papel de Rodrigo Santoro.
O autor do livro, Roberto Drumond, morreu em 2002. Em 1991, ele deu
pistas sobre a personagem. "Hilda existiu. Agora de tal forma ela foi
mitificada, e mistificada que ela se transformou em um boato. Um boato
festivo, colorido, maravilhoso, então o livro é contado através desse
boato", contou o criador de Hilda Furacão.
G1 - Fotos: Fotos: Reprodução/ TV Globo
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