O morador de rua responsável por encontrar na quinta-feira (22/08) o estudante Felipe Dourado de Paiva, que estava desaparecido havia 13 dias, foi "adotado" pela família do jovem. De acordo com a irmã de Paiva, Priscila Dourado, Adeilson Mota de Carvalho não quis aceitar dinheiro como recompensa, mas pediu ajuda da família para se recuperar das drogas e "ter uma vida digna".
"Meu tio levou ele para casa para tomar banho, vestir uma roupa e para comer. Ele não pediu dinheiro, não pediu nada", disse. "Foi aí que ele falou que queria ir para uma clínica de recuperação para se recuperar e voltar a trabalhar."
Segundo Priscila, um tio conseguiu vaga para Carvalho em uma clínica de reabilitação em uma cidade do Entorno, sem custo algum. Depois de passar a noite na casa do tio, Carvalho foi levado pela família para a clínica, onde ele deverá passar seis meses internado.
"Ele pediu para ser internado para se recuperar das drogas, assinou um termo dizendo que foi de livre e espontânea vontade", disse Priscila. "Meu pai e meu tio se responsabilizaram por ele e vão nas reuniões para acompanhar o caso."
Segundo Priscila, Carvalho contou que é marceneiro e veio de Redenção, no Pará. Ele disse que tem família e filhos e que quer reencontrar a família quando estiver "limpo das drogas". Ele vivia havia cerca de três meses nas ruas do DF, segundo Priscila.
"Meu tio ligou para a mãe dele em Redenção, ela ficou super feliz, chorou", disse. "Às vezes ele estava tão sem esperança, tão envolvido com as drogas que talvez [ter encontrado Felipe] tenha relembrado ele do que é estar presente na vida de alguém", disse Priscila.
"Minha igreja também vai adotar ele de alguma forma. Vamos dar roupa, dar suporte, emprego", disse.
Jovem perdido
Felipe foi encontrado por Carvalho perto da antiga Rodoferroviária, em Brasília. Ele disse que estava caminhando para o parque da Água Mineral quando parou para pedir informação a uma pessoa dentro de uma caixa de papelão.
Segundo Carvalho, o estudante afirmou que não poderia sair porque estava dormindo. O morador de rua disse que reconheceu o jovem e disse que iria comprar um doce para cada um deles e pediu que ele não fosse embora. Em seguida, ele avisou os instrutores da motoescola localizada nas proximidades do local.
"A família deixou um cartaz dele no posto. Voltamos, olhamos a foto, reconhecemos ele e chamamos a família e a polícia", disse a instrutora Elizângela Braz.
Segundo Carvalho, o estudante se assustou com a movimentação das pessoas e subiu em uma árvore para se esconder. Ele disse que o jovem não gostou de ter sido “dedurado” e não quis dizer seu nome. Em seguida, um familiar chegou ao local e subiu na árvore para conversar com o rapaz.
Em seguida, ele foi levado pela irmã e um primo para o Hospital Regional do Guará (HRGu) e já voltou para casa.
Sobre o irmão encontrado, Priscila disse que ele está com os pais, que estão "corujando" o filho. Ela não fala sobre o futuro. "A gente vai vivendo devagarinho."
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