No quarto dia da viagem ao Brasil, o papa Francisco visitou a comunidade Varginha, no conjunto de Favelas de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro. O pontífice chegou ao local por volta das 11h desta quinta-feira (25/07) e deixou a favela por volta do meio-dia.
O pontífice discursou para os moradores da favela em um campo de futebol. O papa pediu que as autoridades brasileiras não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e pela cultura da solidariedade.
O Santo Padre disse também que a "pacificação" não será permanente em uma "sociedade que abandona na periferia parte de si mesma". Ele exortou ricos e dirigentes políticos a saber "dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais".
"Nenhum esforço de 'pacificação' será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma", discursou Francisco. "A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!", completou.
O uso da palavra "pacificação" é uma referência às UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), projeto do governo do Rio para diminuir a violência.
Sempre se pode "colocar mais água no feijão", diz papa
Duro com os ricos e as classes dirigentes, Francisco elogiou a disposição de "colocar mais água no feijão" dos moradores de Varginha. "Vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode "colocar mais água no feijão"! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!"
Para o pontífice, os "pilares fundamentais" e "bens imateriais" de um país são: "vida, família, educação integral, saúde e segurança". "A vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano."
No final, um aceno aos jovens para que não desistam de lutar contra a corrupção: "Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito:nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo". “O papa está com vocês”, disse o pontífice ao fim do discurso. Ele pediu a interseção de Nossa Senhora Aparecida e deu sua bênção aos moradores e peregrinos.
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