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fevereiro 27, 2013

Tragédia de Santa Maria completa um mês hoje

Nesta quarta-feira completa um mês de uma das maiores tragédias ocorridas no Rio Grande do Sul: o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria. Foram 239 pessoas mortas até o momento. No local morreram 232, sendo 120 homens e 112 mulheres. Centenas ficaram feridos. Atualmente, 24 feridos ainda estão hospitalizados, sendo quatro em Santa Maria e 20 em Porto Alegre. Destes, três estão com ventilação mecânica. Ainda não está claro se as vítimas morreram asfixiadas pelo cianeto - liberado com a queima da espuma do isolamento acústico - ou pelo gás carbônico, liberado pela fumaça.
O incêndio na danceteria ocorreu entre 2h30min e 3h de 27 de janeiro, quando ocorria o show do grupo Gurizada Fandangueira. De acordo com o delegado regional, Marcelo Arigony, o grupo, conhecido pelos espetáculos pirotécnicos, teria usado sinalizadores chamados de sputinicks. Foram disparados, conforme Arigony, três, sendo dois para baixo e um para cima. Este atingiu o revestimento acústico do teto, formado por uma espuma, iniciando o incêndio. "O teto e a parte traseira do palco eram revestidas com este material", disse o delegado. "Pouco depois, o ambiente ficou às escuras, com a fumaça tomando conta de tudo", explicou
Deste momento em diante, imperou o pânico. As pessoas tentando chegar à porta de saída, em uma correria desenfreada, mesmo não conseguindo enxergar nada. Segundo Arigony, não havia sinalização indicando a saída, tampouco uma porta de emergência. "A única luz que viam era uma oriunda do banheiro, situado na parte da frente do prédio", revelou. "Esta foi confundida como sendo a saída, fazendo as vítimas irem para lá, onde ficaram encurraladas", acrescentou.
Cena forte no banheiro da boate
O banheiro se transformou em uma câmara de gás. Ironicamente, no mictório estão afixadas fotos de Adolf Hitler, Osama Bin-Laden, George W. Bush e de personagens de filmes de terror. Exatamente neste local se formou a pilha de corpos. Quando os bombeiros conseguiram abrir um buraco na parede, se depararam com uma escada macabra. Os corpos ficaram dispostos uns acima dos outros. Muitos tiveram o movimento congelado na hora da morte. Foi o caso de uma garota que morreu com as mãos na parede, como que tentando escalá-la. Uma outra vítima - também mulher - ficou agarrada no cabelo de outra garota, que estava debaixo dela. Foi necessário cortar os cabelos da de baixo para retirar os dois corpos.
Outras vítimas conseguiram atingir a saída, rastejando. Alguns morreram no meio da rua. Os Bombeiros usaram até mesmo cilindros de oxigênio para abrir os buracos na parede. Já ao amanhecer, os soldados ainda resgatavam cadáveres. Com o passar das horas, dezenas de populares se concentraram na rua.
Caos toma conta de Santa Maria
O caos tomou conta da cidade assim que as pessoas tomaram conhecimento da tragédia. A correria em hospitais ou na frente da danceteria foi grande, com muita comoção e choro. Cenas de mães, pais, ou outros parentes desmaiando foram comuns na manhã daquele domingo.
Em seguida, os corpos foram levados ao centro esportivo da cidade, onde, em um dos ginásios, os cadáveres foram dispostos em fila para ser feito o reconhecimento. No final do dia, todos tinham sido identificados.
Um batalhão de voluntários, principalmente médicos e psicólogos, correu ao local para preparar os familiares, os quais, antes de irem ao pavilhão onde foi improvisado um necrotério, aguardavam em uma quadra dentro do mesmo complexo esportivo. Um microfone chamava o nome do parente para fazer o reconhecimento. Os familiares eram conduzidos em grupos, formando uma longa fila, antes de entrar nas dependências do ginásio.
Faixas brancas lembram tragédia
Entre os eventos organizados em Santa Maria em memória às vítimas da tragédia do dia 27 de janeiro, o Projeto Andradas Vida colocou nesta madrugada de quarta-feira 239 faixas brancas nos postes da Rua dos Andradas, no centro, onde se situa a boate Kiss, local do incêndio. Um dos integrantes da iniciativa, Hans Fassbinder, disse que o objetivo é homenagear as vítimas e uma maneira de pedir paz. A Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria organizou uma homenagem, que consta de buzinaço, às 8h, e quando os sinos das igrejas tocam por um minuto. Na praça Saldanha Marinho, familiares e amigos das vítimas fazem uma concentração e partem em caminhada pelas principais ruas da cidade.
Às 19h, também da Saldanha Marinho parte uma caminhada até a Igreja de Fátima, onde será realizada uma missa. Às 20h, ocorre missa também na Basílica da Medianeira. O evento é intitulado 'Um mês de silêncio'. O objetivo, segundo Marília Torres, uma das coordenadoras da caminhada, é chamar a atenção das autoridades para a tragédia ocorrida. O Centro Universitário Franciscano, por intermédio de professores, funcionários e alunos, promove um encontro no pátio da instituição, quando todos batem palmas. 'As escolas da rede municipal de ensino aderiram às manifestações em homenagem às vítimas', diz o secretário de Educação, João Luiz Roth. Na rede estadual, a professora Celita da Silva, da 8 Coordenadoria Regional, orientou que todos participem da homenagem batendo palmas nas salas de aula ou no pátio das escolas.

Fonte: Paulo Tavares / Correio do Povo

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