O presidente de Venezuela, Hugo Chávez, investiu novamente nesta quarta-feira, (14/07), contra a hierarquia da Igreja Católica da Venezuela, pediu uma revisão do "acordo" com o Vaticano e afirmou que o papa não é o embaixador de Cristo na Terra.
O Executivo, o governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e representantes e outros poderes públicos têm criticado a cúpula eclesiástica nas últimos dias depois do cardeal Jorge Urosa, arcebispo de Caracas, ter denunciado que o presidente está conduzindo o país ao "socialismo marxista".
Chávez chegou a chamar os bispos de "trogloditas" e "homens das cavernas" que desconhecem as leis e a Constituição e denunciou que estão aliados com a oposição frente às próximas eleições legislativas, que serão realizadas em novembro.
O líder socialista, acusado por seus inimigos de estar fazendo uma cortina de fumaça com o caso para ocultar a ineficiência de sua gestão, pediu a seu chanceler, Nicolás Maduro, para revisar "o 'acordo' que o Estado venezuelano tem com o Vaticano. Vamos revisá-lo".
Não é a primeira vez que o militar retirado há 11 anos no poder ataca os religiosos, que denunciou terem participado de um golpe de Estado que o tirou do poder por dois dias em 2002. Desta vez, no entanto, ele atingiu diretamente o Papa Bento XVI.
"Com todo respeito ao Estado do Vaticano e ao Chefe do Estado, que é o papa (...), que não é nenhum embaixador de Cristo na Terra, como eles dizem. Pelo amor de Deus!", disse Chávez em um ato com o PSUV.
"Que coisa é essa de embaixador de Cristo? Cristo não precisa de embaixador. Cristo está no povo e nos que lutamos pela justiça e libertação dos humildes", disse, para logo depois acrescentar que o governo reconhece o papa.
Urosa afirma que o afã de Chávez para instaurar um modelo socialista atenta contra os direitos humanos, civis e políticos dos cidadãos, e que o governo se descuidou de suas tarefas primárias de proteger o povo da violência, melhorar a saúde e a infraestrutura do país.
O chavismo, por sua vez, afirma que os bispos estão ligados com a "oligarquia" e com os "ricos" e os exortou a fazer "proselitismo" sem a batina, desprezando os questionamentos à revolução socialista.
(estadao.com.br)
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