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julho 28, 2010

Morador de rua busca vaga na Assembleia

A chance de mudar de vida conquistando um cargo público sempre atrai, a cada eleição, candidatos das mais diversas origens sociais. Na disputa deste ano no Paraná, José de Camargo, morador de rua há 11 anos, candidato pelo PRTB ao cargo de deputado estadual, é um dos personagens da eleição paranaense deste ano. Na urna, José utilizará “Zezé de Camargo”, apelido, que segundo ele, surgiu antes do cantor sertanejo.
Candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa, Zezé disse que só aceitou concorrer após ser convidado pelo senador Cristovam Buarque (PDT) para ser um dos representantes que priorizassem a educação no Paraná. A história de vida de Zezé é longa e começou a ganhar fortes emoções quando decidiu virar morador de rua. Gerente comercial de uma empresa de confecções e de uma transportadora, mudou de vida após sua esposa descobrir que ele tinha quatro filhos fora do casamento.
Após sair de casa e deixar a mulher e outros quatro filhos, Zezé começou a andar pelo País. Conheceu todos os estados do Brasil morando em abrigos, casas abandonadas e embaixo de viadutos. Segundo ele, conheceu quase todas as capitais. Apenas Macapá e Rio Branco ele não passou. Os onze anos de andanças fizeram com que ele iniciasse a produção de uma autobiografia intitulada como “Catando latinhas: por Deus, pela pátria e pelos excluídos”, que segundo Zezé será lançado no dia 24 de setembro, data de seu aniversário de 63 anos.
A campanha é humilde e com recursos oriundos do seu trabalho como catador e de um terreno em Santa Catarina que ele negociou no último mês. Apesar de ter declarado não possuir bens no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Zezé tem 12 comitês eleitorais, todos informais e chamados carinhosamente de “mocós”. “Hoje eu tenho 12 moradias e não costumo passar mais de dois dias em cada um dos lugares”, disse ele, explicando que se locomove com uma moto que adquiriu com a venda do terreno.
Em um dos “mocós”, na Vila Fanny, Zezé recebeu a reportagem explicando que o terreno em que está morando vai ser futuramente alugado nos trâmites legais para a transformação de um comitê. A ideia não agrada os vizinhos, que reclamaram do lixo em frente à construção abandonada. O local hoje abriga cinco pessoas e é mobiliada com três camas, uma máquina de lavar e um fogão improvisado, que serve para aquecer e fazer a “janta”, e de refúgio para o grande número de andarilhos e catadores de papel que passam pela rua todos os dias.

(Foto: Giuliano Gomes/bemparana.com.br)

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