A presidente Dilma Rousseff tomou posse ontem (01/01), em Brasília para seu
segundo mandato com um discurso que mesclou promessa de campanha,
justificativa sobre o ajuste fiscal que adotará na economia e defesa
da Petrobras e de uma reforma política.
Nos cerca de 40 minutos de discurso no Congresso - a fala
simbolicamente mais importante da cerimônia -, ela citou a palavra
corrupção dez vezes. Em meio a denúncias de corrupção envolvendo a
estatal que envolvem ex-diretores, empreiteiros e políticos, Dilma
afirmou que, é preciso proteger a maior empresa do Brasil de "predadores
internos e inimigos externos".
Durante sua fala, Dilma foi aplaudida por 36 vezes. Miguel Rossetto, chefe da Secretaria-Geral, foi o puxador das palmas.
Na parte relativa à reafirmação das promessas de campanha, a
presidente anunciou um novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC
3) e mais 3 milhões de casas para o Minha Casa Minha Vida, além do
cumprimento da meta de construir 6 mil creches, anunciada no primeiro
mandato, e não cumprida, e 2 milhões de vagas nas escolas técnicas
federais. Dilma fez ainda um segundo discurso, desta vez no parlatório
do Palácio do Planalto, para o público que compareceu à festa da posse -
cerca de 40 mil pessoas, segundo estimativa oficial. Diante do público,
Dilma reafirmou a tese de que o governo do PT mudou o Brasil".
SLOGAN
No primeiro mandato,
slogan do governo foi "País rico é país sem miséria". Agora, segundo
Dilma, será "Brasil, pátria educadora". "Ao bradarmos Brasil, pátria
educadora, estamos dizendo que a educação será a prioridade das
prioridades, mas também que devemos buscar, em todas as ações do
governo, um sentido formador, uma prática cidadã, um compromisso de
ética e um sentimento republicano", disse Dilma, que terá no segundo
mandato, pela primeira vez na era PT, um não petista à frente da Pasta, o
ex-governador do Ceará Cid Gomes (PROS).
Como previsto, Dilma prometeu que fará ajustes na economia sem
arrocho. Ela defendeu o tripé econômico, que envolve ajuste fiscal,
câmbio flutuante e meta de inflação. "Mais que ninguém, sei que o Brasil
precisa voltar a crescer. Os primeiros passos desta caminhada passam
por um ajuste nas contas públicas, um aumento na poupança interna, a
ampliação do investimento e a elevação da produtividade da economia",
disse, lembrando que a inflação nunca ultrapassou o teto da meta, que é
de 6,5%. Durante a campanha, Dilma afirmou que se o tucano Aécio Neves
vencesse a eleição, ele faria ajustes duros. O ajuste de Dilma prevê
cortes em torno de R$ 100 bilhões em gastos públicos. Entre as medidas
já anunciadas, está a restrição de acesso a benefícios trabalhistas.
Para tentar amenizar as críticas que tem recebido do próprio PT,
a presidente afirmou que tudo será feito "com o menor sacrifício
possível para a população". Ela também disse que reafirmava o "profundo
compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e
previdenciários", embora tenha mandado nesta semana medida provisória ao
Congresso cortando pensões de viúvos e fazendo maiores exigências
burocráticas para o pagamento do seguro-desemprego.
DIÁLOGO
A presidente
aproveitou o discurso para fazer acenos políticos. Elogiou o
companheirismo do vice-presidente Michel Temer (que também é presidente
do PMDB), elogiou o ex-presidente José Sarney, afirmou que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o maior líder popular da
História do Brasil e disse que todas as mudanças que pretende fazer
terão de passar pelo Congresso. Mas Dilma, que nos discurso da vitória,
em 26 de outubro, e no da diplomação, em 18 de dezembro, havia proposto
diálogo à oposição, abandonou a postura. Não se referiu aos adversários
nem falou em diálogo.
Agência Estado
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