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janeiro 06, 2015

Chuva ...


Já andei sob chuva fina e por temporais tantos.
Que chuva alguma me impressiona ou me causa espanto.
Mas hoje a chuva forte que posso ouvir lá fora
faz-me parecer que todo o universo está em pranto
e que não apenas o meu pequeno mundo chora.
Chuva que se espalha por todo canto, 
invade a minha alma sem nenhum consentimento, decifra meus segredos e medos
e os revela com absoluto desdém.
Me traz o desalento do que já foi embora
e a tortuosa espera por algo que nunca vem.
No bailar das escuras nuvens que a precipitam
mostra-me todos os meus delírios e desencantos.
Na tormenta meu pensamento viaja e se desprende.
Começo a enxergar além do que meu olhar consegue ver,
e a sentir o que pessoa nenhuma mais sente.
No vento que a anuncia ouço frases inteiras
que apenas o meu coração entende ...
Dizem -me que a dor que choro é somente minha, de mais ninguém.
Inegável verdade que somente na contemplação da chuva se aprende.
Quando sinto em meu rosto as suas gotas primeiras,
na boca me vem o gosto da lembrança que se ascende.
Sonhos que não tornaram-se reais, dores mais do que verdadeiras.
Ao som de suas águas , posso ouvir o tom da sua melodia
que junto a minha tristeza não desafina.
Eu que já andei sob chuva fina e enfrentei temporais tantos.
Agora ouço esta chuva e a minha razão desatina.
Vejo a chuva que molha a terra, sinto o temor da minha inevitável sina.
Vagar na noite da minha alma... Noite calma, eterna tempestade
que toda a dor da saudade em mim encerra.

Aline Lima

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