Durante toda a sua vida, o autor grego Nikos
Kazantzakis (Zorba, a última tentação de Cristo) foi um homem
absolutamente coerente. Embora abordasse temas religiosos em muitos de
seus livros – como uma excelente biografia de São Francisco de Assis –
sempre considerou a si mesmo como um ateu convicto. Pois é deste ateu
convicto, uma das mais belas definições de Deus que eu conheço:
“Nós
olhamos com perplexidade a parte mais alta da espiral de força que
governa o universo. E a chamamos de Deus. Poderíamos dar qualquer outro
nome: abismo, mistério, escuridão absoluta, luz total, matéria,
espírito, suprema esperança, supremo desespero, silêncio. Mas nós a
chamamos de Deus, porque só este nome - por razões misteriosas - é capaz
de sacudir com vigor o nosso coração. E, não resta dúvida, esta
sacudida é absolutamente indispensável para permitir o contato com as
emoções básicas do ser humano, que sempre estão além de qualquer
explicação ou lógica”.
Paulo Coelho
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