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agosto 28, 2014

A tartaruga e as garças


Era uma vez duas garças e uma pequena tartaruga que viviam à beira de um bonito lago. Eram muito amigas e brincavam, nadavam, tomavam sol na areia, sempre juntas. Nunca se separavam e eram realmente felizes. Mas aconteceu uma desgraça. Uma seca terrível assolou toda a região. Durante meses nem uma única gota de chuva caiu. Todos os rios deixavam ver o fundo dos seus leitos. Os campos queimados pelo sol abriam-se em grandes fendas. E o pequeno lago não tinha melhor sorte: secava sem perdão. As três amigas não sabiam o que fazer. Andavam tristes e suspiravam ao longo do dia sem encontrar uma saída. Um dia, as duas garças resolveram voar para ver como é que as coisas estavam por outros lados, e, à noite, voltaram dizendo:
- Amiga tartaruga, todos estão se mudando para o Lago Celeste, até mesmo as toupeiras! Pensamos que é preciso partir também o mais depressa possível! Ficar aqui é morrer de sede e de fome!
A tartaruga fechou os seus pequeninos olhos e desatou a chorar.
- Vocês podem voar tão depressa quanto queiram e ir para o Lago Celeste, mas eu não posso nem voar nem andar depressa. Em menos de três dias de marcha ficarei assada nesse sol terrível. Mas podem ir! Vão! Vão! Nunca pensei que apesar da nossa amizade, vocês me abandonariam um dia!
E magoada, chorava tanto que as garças tiveram pena e resolveram ficar por mais alguns dias para ver se as coisas melhoravam.
Passaram os dias e nada mudou. A seca continuava terrível. Implacável. E o pequeno lago logo estaria seco. De novo as garças pensaram em viajar para o Lago Celeste. A tartaruga sabendo que não podia mais prender as amigos, suplicou:
- Somos tão boas amigas, por favor, tentem encontrar um meio para que eu vá com vocês!
As três pensaram muito para encontrar uma solução. Até que uma das garças teve uma ideia:
- Encontrei a solução! Uma ideia maravilhosa! Vamos procurar um pau. Nós duas agarramos pelas pontas com o bico e a tartaruga agarra com a boca pelo meio. Depois, voamos levando com a gente a nossa amiga tartaruga!
A tartaruga ficou tão contente que pulava de alegria.
- Que ideia maravilhosa! Vamos! Podemos partir logo!
As garças também estavam muito contentes, mas recomendaram para a tartaruga:
- Olha... você tem que enfiar isso na sua cabeça: por coisa nenhuma desse mundo você pode abrir a boca durante o caminho! Qualquer distração é o suficiente para cair lá do céu!
E a tartaruga respondeu:
- Claro! Com certeza! Nem com uma faca alguém me fará abrir a boca!
As garças pegaram um pau comprido. Uma segurou com o bico numa ponta e a outra na outra ponta. A tartaruga mordeu no meio e as três saíram voando. Voaram... voaram... Passaram por cima de florestas e montanhas. Até que começaram a passar por aldeias. Embaixo, na terra, algumas pessoas olhavam para o céu e diziam:
- Olhem como a tartaruga é esperta! Ela segura um pau pelo meio e faz com que as garças a levem
As garças continuavam no seu voar elegante sem prestar nenhuma atenção ao que diziam. Mas a tartaruga ficava com o coração pulando de alegria ao ouvir os elogios. E as três foram voando por cima de plantações, de estradas... e os elogios continuavam:
- Nossa como a tartaruga é inteligente! Ela obriga as garças a levarem como se fossem suas criadas!
E feliz da vida a tartaruga pensava: “Como eu sou inteligente! Que ideia eu tive!”
E a viagem continuava e mais elogios a tartaruga ouvia. E cada vez mais se achava importante, inteligente e esperta.
Até que...
Mais ao longe, sobre uma grande colina, um pequeno pastor viu as três amigas voando e gritou bem alto:
- Olhem! Olhem depressa! Como aquelas duas garças são inteligentes! Levam um pau no bico e carregam a tartaruga com elas!
As garças mais uma vez não prestaram atenção. Mas a tartaruga ficou muito ofendida. E pensou com ela mesma: "Imbecil! Dizendo que são as garças que me carregam? Porquê? Fui eu que pensei nesse plano. Preciso dizer a ele quem é que é inteligente!"
A tartaruga furiosa juntou toda as forças e gritou bem alto para o pequeno pastor:
- Fui euuuuuuuuuuuu!...
A tartaruga não conseguiu acabar a frase. Abriu a boca e caiu direto na grande colina, cabeça na terra e patas para o ar...

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