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fevereiro 28, 2013

Total de internações por uso de drogas supera o de alcoolismo


As internações hospitalares decorrentes do uso de drogas e outras substâncias químicas ultrapassaram pela primeira vez o índice de ocorrências provocadas pelo consumo de álcool no Brasil. Segundo levantamento realizado no banco de dados mantido pelo Ministério da Saúde (DataSus), até novembro de 2012 (último dado disponível) foram registrados 48.722 internamentos causados por drogas, contra 48.506 de alcoolistas.
Historicamente, o índice de tratamentos de dependentes de álcool sempre superou o de qualquer outra droga em todo o Brasil (veja infográfico). No Paraná, os registros relacionados ao uso de álcool ainda superam o número de internamentos por drogas e outras substâncias psicoativas, porém essa distância vem diminuindo. Enquanto em 2008 a diferença era de quase 3 mil internações, no ano passado caiu para 791.
O crescimento do consumo de crack é um dos fatores que mais preocupam o poder público e pode ter acarretado o aumento de tratamento em todo o cenário nacional.
“A principal droga responsável por este tipo de tratamento tende a ser o crack”, afirma o coordenador de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Curitiba, Gus­­tavo Adam.
Contudo, a Secretaria Estadual de Saúde considera que há subnotificação de casos envolvendo alcoolistas. Ou seja, eles foram internados, mas na ficha oficial de atendimento pode constar somente “transtorno mental”. “Também pode ter sido internado por algum problema orgânico, como doença no fígado. Geralmente, os usuários de álcool são internados para tratar as consequências físicas causadas pela bebida”, salienta a coordenadora estadual de Saúde Mental, Larissa Yamaguchi. O Paraná possui cerca de 2,4 mil leitos psiquiátricos.
Polidependência
Outro fator apontado por especialistas que ajuda a explicar o aumento de internações registrado pelo consumo de outras drogas é a polidependência. Isso é, os usuários não ficam restritos ao vício em apenas uma substância. O presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Rotta, salienta que o álcool e o cigarro são as principais portas de entrada para o vício em outras substâncias psicoativas – como maconha, cocaína, crack e até medicamentos.
“O paciente que usava álcool tende a passar a consumir outras substâncias e se tornar um polidependente. O acesso facilitado às drogas lícitas contribui para essa situação”, salienta. Posição semelhante possui o psicólogo Celso Maçaneiro. “Hoje não existe pessoa monodependente. O álcool faz parte do uso de outros entorpecentes”, ressalta.
“Câncer social”
O presidente da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, André Rotta, afirma que, apesar de as estatísticas apontarem para uma redução no índice de internações por álcool, ainda existem muitos usuários que não procuram ajuda. “Há uma aceitação maior pelo consumo de álcool e os usuários acham que não são dependentes, por isso esses casos nem são notificados”, diz. De acordo com o psicólogo Celso Maçaneiro, o álcool ainda é o principal agente causador de outros vícios. “O álcool é um câncer social que destrói famílias inteiras”, diz.

(Gazeta do Povo)

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