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agosto 15, 2010

A escada

Minha amiga Mildred fazia progresso, recuperando-se lentamente de um derrame cerebral. Ela ainda lutava para sentar-se direito e para falar.
A cada vez em que eu a visitei no asilo, as linhas de frustração em seu rosto estavam um pouco mais profundas. A frase que ela mais pronunciava era,
- Por que?
E nada que eu dissesse trazia-lhe conforto.
Lutei também. Em minhas orações eu pedi,
- Senhor, como posso ajudar?
Certa noite me despedi de Mildred e fui jantar com minha mãe. Fui ao banheiro lavar as mãos e notei algo peculiar: uma longa faixa de papel higiênico cobria boa parte da bacia da pia.
- Mãe, o que este papel está fazendo aqui? Perguntei.
- Havia uma aranha na pia. Ela deslizava toda vez que tentava sair e eu quis ajudá-la, então eu fiz uma escada.
Minha mãe respondeu.
- Acho que funcionou. Ela não está mais aqui. Respondi.
Retirei a "escada," pensando em minha amiga Mildred.
Ela estava presa também, e eu já tinha trabalhado muito tentando levanta-la. Talvez o que ela precisasse fosse mais
como o que minha mãe tinha oferecido à aranha.
Em minha visita seguinte, Mildred outra vez perguntou,
- Por que?
Eu não tentei achar uma razão. Eu peguei em sua mão e, no silêncio, eu vi como a amizade pode ser uma escada.
Palavras ou explicações deixaram de ser necessárias, apenas a simples confiança da amizade e minha amiga Mildred percebeu que não encararia sua luta sozinha.

Não deixe quem você ama, encarar uma luta como essa sozinha...que a amizade pura seja a escada que lhe trará uma alegria para toda vida...

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