O pedreiro Luiz Gonzaga da Silva, de 67 anos, já colheu muitos legumes e verduras no quintal de sua casa em Colina (SP). Mas esta semana ele teve uma surpresa ao encontrar um cará com
aproximadamente três quilos e com formato de uma mão gigante. “Nunca vi
isso na minha vida, é esquisito”, diz o morador. A incidência, embora
incomum e intrigante, pode ter sido proporcionada pelas condições do
terreno.
Silva relata que, seguindo um costume de seu pai já falecido, planta e
colhe carás todos os anos. Depois de praticamente 12 meses semeando o
tubérculo, ele decidiu retirá-lo da terra na última terça-feira (29/07)
pela manhã, porém percebeu que algo estranho havia acontecido.
A raiz, que deveria ser mais comprida, estava mais difícil de ser
extraída do que o normal. O jeito foi usar uma pá e aos poucos cavar a
terra em volta do que pareciam dedos. Resultado: em vez de um cará
convencional, ele havia cultivado uma “mão” de ao menos dois quilos,
três vezes maior do que a de um homem. Algo com aspecto parecido ao de
uma luva de beisebol.
“Todo ano faço a colheita, só que essa raiz estava encostada em um pé
de abacate, não sei como foi parar lá. Elas enrolaram em volta do pé de
abacate, estava meio dura, tive que cavar. Geralmente os carás ficam
compridos, mas esse não, virou uma mão”, afirma.
A descoberta criou um clima de mistério na casa do pedreiro. Ele diz
que sua mãe, de 96 anos, acredita que a mão seja um sinal, embora não
saiba exatamente do quê. “Mostrei pra minha mãe e ela acha que é um
aviso. Minha mãe tem 96 anos, pessoal mais antigo quando vê essas coisas
se espanta”, diz.
Desconfiado da criação da natureza, ele decidiu que, desta vez, o cará
não vai virar sopa para o jantar. “Os outros que nasceram nós
cozinhamos, mas esse não. Vou deixar lá até secar. Nem sei o que faço
com isso”, afirma.
Embora já tenha plantado novas hortaliças para daqui a um ano, Silva
espera não ver algo parecido novamente. “A gente tem medo de plantar
isso e sair coisa pior. Plantamos uma ‘batatinha’ e virou uma mão, pode
virar coisa pior.”
Fato incomum
A incidência do cará em formato de mão é incomum, mas pode ser
explicada, de acordo com o engenheiro agrônomo Caio Penna. Segundo o
especialista, a hortaliça – que no Nordeste é comumente chamada de
inhame, embora seja de uma família diferente – geralmente cresce até 30
centímetros de comprimento e pesando 700 gramas.
No caso vivenciado por Silva em Colina, de acordo com Penna, as
condições do terreno favoreceram tanto o formato inusitado quanto o
tamanho. “É incomum, mas pode acontecer. Ele plantou o cará bem embaixo
de um pé de abacate, que tem várias raízes superficiais. Com certeza a
raiz do cará cresceu em volta com alguns obstáculos. Além disso, o
terreno é uma área com bastante matéria orgânica, tem muito nutriente, é
um solo argiloso muito bom”, afirma.
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