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fevereiro 09, 2014

Da forca

Uma velha lenda peruana nos fala de uma cidade onde todos eram felizes. Todos faziam o que desejavam, e se entendiam bem – menos o prefeito. Este vivia infeliz porque não conseguia governar nada. A prisão estava vazia, o tribunal nunca era usado, e o tabelião não dava nenhum lucro, porque a palavra valia mais que o papel.
“Falta autoridade aqui”, pensava o prefeito. E tentava, de todas as maneiras, fazer com que as pessoas obedecessem às leis absurdas criadas pelo governo central. Ninguém dava bola.
Até que o prefeito teve uma ideia. Mandou vir operários de longe, que fecharam o centro da praça principal da cidadezinha com um tapume, e começaram a construir algo. Durante uma semana, ouviu-se martelos batendo, serras cortando madeira, vozes de comando dos capatazes.
No final desta semana, o prefeito convidou a todos da cidade para a inauguração.
Na cidade onde todos eram felizes – menos o prefeito, porque não tinha como usar sua autoridade – a multidão compareceu em massa para ver o que ia ser inaugurado na praça.
Com toda solenidade, os tapumes foram retirados, e apareceu… uma forca. Novinha em folha, com a corda balançando ao vento, e as ferragens do alçapão bem lubrificadas.
A partir daquele momento, todo mundo que passava pela praça via a forca. As pessoas foram ficando tristes, sem ter certeza de que estavam agindo certo. Começaram a se perguntar o que aquela forca estava fazendo ali – e, com medo, passaram a ir na justiça resolver qualquer coisa que antes era resolvida de comum acordo. Passaram a ir ao tabelião, registrar documentos que antes eram substituídos pela palavra. E passaram a escutar o prefeito em tudo, com medo de ferir a lei.
A lenda termina dizendo que a forca nunca foi usada. Mas bastou sua presença para

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