Antes as casas tinham chaminés. As pessoas cozinhavam e o fumo dos seus pratos subia pela chaminé, a casa tinha o cheiro dos temperos da família e o doce da sua partilha.
Quando as crianças desenhavam casas, incluíam nas suas obras a chaminé fumegante e isso era um indicador de que aquela casa tinha vida, tinha calor, tinha alimento.
No Natal a chaminé servia de palco à troca de presentes, que eram também uma forma de alimento.
O pai Natal apesar do seu índice de massa gorda, cabia sempre na chaminé e sorrateiro deixava as surpresas merecidas dos felizes contemplados.
Algumas chaminés tinham um rebordo, onde se colocavam objetos decorativos, falava-se perto dela e esperava-se que as conservas e os segredos revelados entre a sopa e o pudim, chegassem ao céu juntamente com o fumo.
A chaminé era a ligação entre a terra e o céu de um lar.
Mas há uma coisa chamada evolução, que trás consigo as maquinas e o seu extraordinário desempenho. Foi nesse momento que nasceu o exaustor e o que veio ele fazer? Extrair fumos, tirar cheiros. Não há mais sinais de fumo das nossas casas, nem pai Natal a ginasticar-se pela descida, nem renas no céu à sua espera, nem desenhos fumegantes.
Agora há um som exaustivo, do exaustor, já não podemos contar segredos que cheguem ao céu, nem sentir a nossa ligação com ele enquanto preparamos os alimentos da terra.
Como a maioria das coisas presentes, apenas sentimos alivio quando o desligamos. É assim que andamos todos ligados ao que ansiamos por desligar.
Do céu, esquecidos da terra, cozinhamos apressados para desligar o que não nos liga a nada.
A evolução nem sempre nos faz evoluir...
(AD)
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