Após quatro décadas de esquecimento, o transporte ferroviário está prestes a ganhar um novo impulso no Brasil. O governo federal estuda a implantação de 19 novas linhas regionais de trem de passageiros. Se todos os projetos vingarem, o país terá mais 3 mil quilômetros de trilhos para locomoção de pessoas em 14 estados até 2020. Um dos estudos é paranaense e planeja ligar as cidades de Paiçandu e Ibiporã, passando por Londrina e Maringá, no Norte do estado.
Mais conhecido como “Trem Pé-Vermelho”, o projeto está inscrito para receber verba do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade Médias Cidades. Por estar em um estágio mais avançado que as outras 18 propostas, ele pode ser o primeiro trem regional a ser analisado pelo governo federal e colocado em prática. O resultado da seleção deve ser divulgado na primeira quinzena do mês que vem.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, o projeto do Paraná e o que pretende ligar Bento Gonçalves a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, estão mais adiantados que os demais. Contudo, o trem gaúcho não foi inscrito no PAC e dificilmente será apreciado ainda neste ano pela União. Ambos os estudos foram feitos pelo Laboratório de Transportes da Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo o estudo que embasa o projeto paranaense, a demanda no trecho é de 36 mil passageiros por dia.
O “Trem Pé-Vermelho” vai interligar 13 cidades de pequeno e médio portes. O custo estimado do investimento, no regime de parceria público privada (PPP), é de R$ 671,8 milhões. A ferrovia terá cerca de 150 quilômetros de extensão e a previsão é que transporte pelo menos 13,2 milhões de passageiros no primeiro ano de operação. Há ainda a possibilidade de que o trem a ser implantado seja do tipo Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), que trafega entre 80 e 100 quilômetros por hora.
Região rica
Segundo o projeto, as cidades que serão atendidas pela linha têm juntas 1,75 milhão de habitantes. A região concentra aproximadamente 26% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná, que foi de R$ 251 bilhões em 2011. Há mais de 44 mil empresas operando na região, sendo 8,4 mil indústrias e 23 complexos industriais.
“Temos uma demanda muito grande de passageiros que são funcionários dessas empresas. O trem facilitaria o deslocamento dessas pessoas”, diz Nilvado Benvenho, conselheiro da Associação Comercial e Industrial de Londrina.
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