Com o cafezinho, companheiro inseparável em uma das mãos, vestido todo
de preto, sorridente e brincalhão, Tite retornou ao Corinthians após um
ano "estudando" futebol. Chegou tranquilo e pregando paz, principalmente
com o antecessor, Mano Menezes. O comandante retorna "por gratidão",
pois tinha proposta mais vantajosa financeiramente do Internacional e
garantindo que está mais preparado.
"Estou extremamente
satisfeito e gratificado por tudo que o Corinthians me proporciona. E
muito feliz. Só peço cuidado na hora de se falar de números, na hora de
colocar, não só a mim, mas de maneira geral. Nunca foi a grana antes de
qualquer coisa, senão não teria voltado dos Emirados Árabes. Não é isso
que me move", garantiu o técnico. Ele assinou por três temporadas e com
voto de confiança da diretoria para sua terceira passagem pelo clube.
"Não
sei quanto tempo durou a reunião, mas a primeira coisa que fiz quando
acertamos, só pedi para o Edu Gaspar (gerente de futebol) aguardar antes
de colocar no site para eu ligar para a direção do Internacional para
agradecer. E falei com o presidente (Vitório) Piffero dizendo obrigado,
mas que tinha fechado com outro clube grande. Depois nos abraçamos."
E
Tite tinha realmente motivos para trabalhar em Porto Alegre. "Minha
filha até passou no vestibular e está em Porto Alegre. Daí veio o
convite do Inter. Mas disse que tinha um enorme dever de gratidão a um
grande clube e tinha de cumprir. E isso quem falou foi a Gabriele
(filha), o Matheus (filho) e a Rose (mulher)."
Campeão paulista,
da Copa do Brasil, brasileiro, da Libertadores e mundial na última
passagem pelo Corinthians, ele garante que não carrega esta sombra no
momento. "Sombra a gente carrega do que construiu na vida toda. Não sei
se terei o mesmo êxito, mas estou mais maduro. A grande riqueza é ser
incompleto. Quero ser menos incompleto a cada dia que passa."
Tite
voltou fazendo brincadeiras, passando alto astral e evitando confusão.
Nem mesmo as indiretas de Mano Menezes em sua saída do Corinthians, na
qual comparou seus números aos de Tite mexeram com o novo comandante.
"Cada
profissional cria sua etapa e sua história. Não quero ver profissional
ferido. É o respeito da história que ele teve e deve ser respeitado. Por
mim será respeitado. Não vou fazer comparativo", disse. "Cada um que
passou deixou um legado. Eu a ele (Mano), ele ao Adilson Batista,
Adilson a mim, eu a ele e agora ele a mim novamente", garantiu o
treinador.
Apesar da ausência do presidente Mário Gobbi na
apresentação - o diretor Ronaldo Ximenez garantiu que isso é praxe na
chegada de treinadores - Tite mostrou gratidão ao presidente que o
recontratou. E também evitou polemizar.
"Tenho uma gratidão até
de falar do doutor Mário Gobbi, sou grato a ele e a todo processo
diretivo. Sou muito grato e estou num local onde todos os técnicos
brasileiros gostariam de estar", discursou. "Se em algum momento
aconteceu algo, a gente tem como superar. Hoje festejo ter recebido
convite novamente para retornar, isso me engrandece. Mano fez sua etapa,
a gente passa por etapas nos clubes. Não é legal comparar outras
coisas, nem falar de divergências, como já tive até com o Edu (Gaspar)."
Apesar
de ter seu nome ventilado ao clube desde outubro, ele garantiu que só
tratou da volta após o término do Campeonato Brasileiro. "Iniciei as
negociações a partir do término do Brasileiro. Antes houve o dito
interesse. Quem diz isso é o Tite e o seu travesseiro", jurou.
E
repetiu. "Só negociei depois do Brasileiro. E gostaria que fizessem
isso comigo, a partir disso houve outras possibilidades, aconteceu a
conversa com o Internacional, também tiveram outros interessados, mas
sem conversa."
Estadão Conteúdo
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