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dezembro 18, 2014

No confronto e na transformação, o amor se preserva


Diz o mito mongol da criação do mundo:


Apareceu um cão selvagem que era azul e cinza
Cujo destino era imposto pelo céu. 
Sua mulher era uma corça.

E assim começa mais uma história de amor. O cão selvagem com sua coragem, sua força; a corça com sua doçura, intuição, elegância. O caçador e a caça se encontram, e se amam. Conforme as leis da natureza, um deveria destruir o outro – mas no amor não há bem nem mal, não há construção nem destruição, há movimentos. E o amor muda as leis da natureza. 
O cão selvagem é um animal feminino. Sensível, capaz de caçar porque é capaz de seguir seu instinto, ao mesmo tempo tímido. Ao invés de usar a força bruta, usa a estratégia. Corajoso e cauteloso, rápido. Em um segundo muda de um estado de relaxamento total, para a tensão de atingir seu objetivo. 
A corça tem os atributos masculinos: velocidade, entendimento da terra. Os dois viajam em seus mundos simbólicos, duas impossibilidades que se tornam possíveis,  e porque superam sua natureza e suas barreiras, tornam também o mundo possível. Assim é o mito Mongol: das naturezas diferentes, nasce o amor. Da contradição, o amor é possível. No confronto e na transformação, o amor se preserva.


Paulo Coelho

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