Eu tinha editado, com meus próprios
recursos, um livro chamado “Os arquivos do inferno” (do qual muito me
orgulho, e se não está atualmente nas livrarias é unicamente porque
ainda não me atrevi a fazer uma revisão completa do mesmo). Todos nós
sabemos o quanto é difícil publicar um trabalho, mas existe algo ainda
mais complicado: fazer com que ele seja colocado nas livrarias. Todas as
semanas minha mulher ia visitar os livreiros em um lado da cidade, e eu
ia para outra região fazer a mesma coisa.
Foi assim que, com
exemplares de meu livro debaixo do braço, ela ia atravessando a Avenida
Copacabana, e eis que Jorge Amado e Zélia Gattai estão do outro lado da
calçada! Sem pensar muito, ela os abordou e disse que o marido era
escritor. Jorge e Zélia (que provavelmente deviam escutar isso todos os
dias) a trataram com o maior carinho, convidaram para um café, pediram
um exemplar, e terminaram desejando que tudo corresse bem com minha
carreira literária.
“Você é louca!” eu disse, quando ela voltou para casa. “Não vê que ele é o mais importante escritor brasileiro?”
“Justamente por isso”, respondeu ela. “Quem chega aonde ele chegou, precisa ter o coração puro”.
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