O santo cingalês Joseph Vaz, canonizado nesta quarta-feira (14/01) em
Colombo, serviu a todos os habitantes do Sri Lanka sem distinção, e com
seu exemplo a Igreja deve "servir a todos os membros desta sociedade",
convocou nesta quarta-feira o Papa Francisco.
"A Igreja serve a todos os membros da sociedade sem fazer distinção de
raça, de credo, de pertencimento tribal, de condição social, nem de
religião no serviço que oferece através de suas escolas, seus hospitais,
clínicas, e outras muitas obras de caridade", recomendou Francisco em
uma missa em Galle Face Green, em frente ao mar da capital.
"Ela pede apenas liberdade para cumprir sua missão. A liberdade
religiosa é um direito humano fundamental", afirmou diante de uma imensa
multidão estimada entre 500 mil e um milhão de pessoas em seu segundo
dia de visita ao Sri Lanka, centrada na reconciliação entre as
comunidades.
A violência religiosa aumentou recentemente no Sri Lanka,
majoritariamente budista, onde grupos nacionalistas deste credo atacam
mesquitas e igrejas para denunciar a influência, segundo eles
injustificada, destas minorias religiosas.
"Todo indivíduo deve ser livre, sozinho ou associado a outros, para
buscar a verdade, expressar abertamente suas convicções religiosas,
livre de intimidações e de coações exteriores", insistiu o Papa.
A Ilha segue dividida entre a maioria cingalesa e a minoria tamil,
apesar do fim da guerra civil em 2009, quando o exército esmagou a
rebelião tamil.
"Como a vida de Joseph Vaz nos ensina, a autêntica adoração a Deus
conduz não à discriminação, nem ao ódio e à violência, mas ao respeito
da sacralidade da vida, ao respeito da dignidade e da liberdade dos
outros, e também ao compromisso afetuoso pelo bem-estar dos demais",
ressaltou.
O Papa lembrou o destino original deste missionário proveniente da
Índia no século XVII, que se vestia como um mendigo para se misturar aos
católicos perseguidos e que obteve o apoio do rei budista.
"Durante uma epidemia de varíola, seu ministério com os doentes foi tão
apreciado pelo rei que foi acordada a ele uma maior liberdade", lembrou
Francisco.
"Que os cristãos (7% da população) desta nação possam fornecer uma
contribuição cada vez maior à paz, à justiça e à reconciliação da
sociedade cingalesa", pediu o Papa.
Nesta sétima viagem para fora da Itália desde sua eleição, em 2013,
Jorge Bergoglio tem a chance de se reencontrar com as multidões
asiáticas, que já lhe deram uma acolhida triunfal em agosto na Coreia do
Sul.
Na quinta-feira viajará às Filipinas, com 85% de católicos, onde foram
decretados cinco feriados por sua visita em Manila e são esperadas
imensas multidões.G1 - Fotos: Dinuka Liyanawatte/Reuters - Lakruwan Wanniarachchi/AFP
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