Ter na bagagem 4,2 mil quilômetros percorridos de bicicleta não é para
qualquer um. Afinal de contas, é preciso largar o emprego, deixar todas
as mordomias de lado, seguir uma rotina de alongamento e alimentação
rigorosa e ainda estar preparado para qualquer imprevisto. Talvez esse
não seja o cronograma para todos aqueles que decidem se aventurar sobre
duas rodas, mas para dois amigos bem intencionados, é dessa forma que
eles seguem viajando de Santiago, no Chile, até o Rio de Janeiro.
Francisco Alonso Pulgar Orrego, de 27 anos, é bibliotecário e
Ibar Simon, de 29, é cozinheiro. Ambos se conheceram em um circuito de
bandas folclóricas, em 2010. Em pouco tempo, descobriram que a afinidade
não se limitava à música, pois alimentam também o desejo de se
aventurar por aí de bicicleta.
"Quando o Chile se classificou para a Copa do Mundo, tivemos a
ideia de vir para o Brasil. Pedimos demissão do emprego e saímos de
Santiago no dia 11 de abril. Agora, precisamos chegar ao Rio de Janeiro
até o dia 14 de junho", conta Ibar, que tem uma experiência prévia ao
pedalar do Chile até a Patagônia, em 2012. Já Francisco Alonso se
arrisca pelas estradas pela primeira vez.
A dupla chegou em Londrina no domingo à noite e ontem, (02/06), após o
almoço, retomou as pedaladas. Até aqui, os aventureiros já haviam
deixado para trás três mil quilômetros, passando pela Cordilheira dos
Andes, cidades da Argentina e do Uruguai até chegar na fronteira com o
Brasil pelo município de São Miguel do Iguaçu.
De todo o percurso até Londrina, eles só trocaram a "magrela"
por duas horas e meia de navio. "Para chegar a San Luis, na Argentina,
foi o trecho mais difícil até agora porque foram 30 quilômetros com
inclinação e com muito vento", lembra Alonso.
Com um mapa em mãos, a dupla já tem a rota traçada até a "Cidade
Maravilhosa". Eles passarão por Cornélio Procópio, Ourinhos, pegarão a
Rodovia Castelo Branco até São Paulo. Lá, ficarão na casa de um amigo e
seguirão pela Via Dutra até o Rio de Janeiro, onde serão hospedados por
uma amiga chilena. E se eles forem seguir os planos à risca, logo após a
Copa deverão tomar o caminho de volta para casa. Mas até lá, ainda há
muito chão pela frente.
Final
Apesar dos viajantes carregarem a Copa como
objetivo para se aventurar pelo Brasil, eles não vão assistir aos jogos.
"Não compramos ingressos. Estamos fazendo mais pela aventura e também
achamos que a Copa é uma ótima oportunidade de fazermos dinheiro e, quem
sabe, podermos sair pedalando por mais destinos, como por exemplo, o
Nordeste brasileiro", confessa Ibar, que durante o Mundial vai botar a
mão na massa e vender empanadas.
"Os chilenos estão vindo para o Brasil em massa. É um evento que
todo mundo quer ver, estar presente", diz Alonso, que mesmo defendendo
que a seleção chilena é bem competitiva, revela um palpite para a final:
"Brasil contra Alemanha".
Micaela Orikasa/folhaweb.com.br
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