Morreu na noite de sexta-feira (14/11), aos 85 anos, o médico e
ex-ministro da Saúde Adib Jatene. Segundo o Hospital do Coração, em São
Paulo, a causa da morte foi infarto agudo do miocárdio. O velório será
realizado no anfiteatro do hospital neste sábado (15/11).
Em 22 de setembro deste ano ele havia sido internado também após sofrer
um infarto. Em maio de 2012, o médico já havia sido internado com dores
no peito e passado por um cateterismo. No procedimento, ele precisou
colocar um stent (prótese metálica para a desobstrução de artérias).
Jatene era diretor-geral do HCor e um dos pioneiros da cirurgia do
coração no Brasil. Ele deixa quatro filhos – os também médicos Ieda,
Marcelo e Fábio, além da arquiteta Iara – e a mulher Aurice Biscegli
Jatene.
Médico e ministro
Acriano de Xarupi, Jatene era filho de um seringueiro libanês e de uma
dona de armarinho. Quando criança, a família se mudou para Uberaba, em
Minas Gerais, e, depois, para São Paulo. Na capital paulista, estudou na
Universidade de São Paulo (USP), formando-se aos 23 anos pela Faculdade
de Medicina. A residência e pós-graduação foram feitas no Hospital das
Clínicas da mesma faculdade, sob a orientação do professor Euríclides de
Jesus Zerbini (1912-1993), pioneiro dos transplantes de coração no
país.
Com mais de 20 mil cirurgias no currículo, se destacou também por ter
sido o primeiro a realizar a cirurgia de ponte de safena no Brasil e por
ter inventado aparelhos e equipamentos médicos. Em Uberaba (MG),
lecionou Anatomia Topográfica da Faculdade de Medicina do Triângulo
Mineiro. Neste período, construiu seu primeiro modelo de coração-pulmão
artificial. Em São Paulo, trabalhou no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP e como cirurgião no Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde.
Na política, apesar de não ter se filiado a partidos, atuou como
secretário estadual da Saúde de São Paulo (1979-1982), no governo de
Paulo Maluf, e duas vezes como ministro, na mesma área, nas gestões
Fernando Collor (1992, por oito meses) e Fernando Henrique Cardoso
(1995-1996, por 22 meses). No governo de FHC, criou a Contribuição
Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), para ajudar a financiar
a saúde brasileira, e deu continuidade ao projeto dos medicamentos
genéricos e ao programa de combate à Aids. Foi membro da Academia
Nacional de Medicina e autor e co-autor de cerca de 700 trabalhos
científicos publicados na literatura nacional e internacional.
Dono de uma coleção particular de quadros, com obras de Di Cavalcanti,
Alfredo Volpi e Tarsila do Amaral, presidiu o conselho deliberativo do
Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Nenhum comentário:
Postar um comentário