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abril 21, 2011

Tornou-se maldição

No tempo de Jesus, muitas pessoas ficaram perdidas pelo seu jeito de ser. Acreditavam num messias político-partidário, que encabeçaria a tomada de poder para expulsar o imperialismo romano de sua terra. Ao afirmarem que Jesus era “Messias”, o faziam em vista de projetos humanos. A pregação de Jesus respondia a certas aspirações de grupos políticos de sua época, porém, não se conformava totalmente com nenhuma delas. Ele consegue garantir uma postura autônoma e livre diante de tudo e de todos.
As primeiras comunidades cristãs fizeram uma experiência diferenciada daquele senso comum. Entenderam que o messianismo de Jesus de Nazaré tinha um substrato histórico-cultural, sim, mas de cunho místico-espiritual. Ele deu início a um projeto que vai além dos limites do tempo e da história. Afinal de contas, seu messianismo tem base na misteriosa consciência de ser Filho de Deus Pai. Experimentado em profundidade. Amado até o extremo. Afinal de contas ele é o “Abba”, o paizinho. Tudo o que fazia e falava era para demonstrar que “ocupava-se com as coisas do Pai” (Lc 2, 49).
Na vida e na pregação de Jesus é evidente sua intimidade com o Pai e com o povo, sobretudo os deserdados e descartados da época. Sua vida tornou-se serviço em defesa da vida, daquela dada pelo Pai a todas as pessoas. Assim o fez até o fim, pois entendeu que a maior prova de amor que alguém pode demonstrar é dar a vida pelo outro. Do ponto de vista político, a postura de Jesus causou preocupação ao estabelecido pelo Império de Roma.
Foi rejeitado, amaldiçoado, julgado injustamente, condenado por autoridades constituídas e representantes do sinédrio e pela pressão massiva do povo. Humanamente falando, o projeto de Jesus foi frustrado e frustrante. O poder do imperialismo romano manda crucificá-lo. Toda a caminhada e experiência vivida pelos seus queridos amigos e amigas desfez-se num toque de mágica. Assassinaram um subversivo. Pregaram-no numa cruz. Foi amaldiçoado. É o que afirma Paulo aos Gálatas, citando o Livro do Deuteronômio: “Maldito todo aquele que for pendurado muma cruz!” (Gl 3, 13).
Pregado na cruz, continua tendo consciência de que sua vida é dada aos irmãos, em cumprimento à vontade do Pai. Ali ele traz consigo todos os deserdados da história humana, aqueles e aquelas com quem, em vida, havia se comprometido. Foi feito pecado. Por isso, entrou numa escuridão existencial. Sentiu-se totalmente abandonado. Porém, no abandono, dá seu sim derradeiro. O Pai acolhe, definitivamente o projeto vivido pelo Filho. Este, por amor Daquele, dá um saldo qualitativo em vista da vida definitiva. É o trampolim que o arremessa à vida definitiva, à ressurreição.

Monsenhor Júlio Antonio da Silva é sacerdote na Arquidiocese de Maringá

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