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fevereiro 11, 2015

Manifestantes ocupam plenário da AL e impedem votação de pacote fiscal





Em um dos episódios mais tumultuados da história da Assembleia Legislativa (AL) do Paraná, manifestantes ocuparam ontem (10/02), o plenário e conseguiram interromper a votação do pacote fiscal do governador Beto Richa (PSDB). A previsão era de que eles passassem a noite na Casa e que só deixassem o local mediante a retirada das propostas de pauta. As mensagens 6/2015 e 60/2015, que cortam gastos públicos e arrocham direitos trabalhistas, seriam votadas em regime de comissão geral, sem análise prévia por parte das comissões permanentes da AL. 
Após um entendimento junto à base aliada, costurado durante a noite de anteontem, tudo caminhava para uma vitória relativamente tranquila do Executivo. A aprovação do requerimento do "tratoraço, por 34 votos a 19, porém, levou um grupo de servidores públicos e sindicalistas a romper o cordão de isolamento e entrar no prédio da AL. Por volta das 17h30, parte das mais de sete mil pessoas que, conforme a Polícia Militar (PM), protestavam contra o conjunto de medidas, acessou as galerias, onde cerca de 400 docentes previamente cadastrados acompanhavam as discussões, e desceu para a sala de votações. Ao perceber que a invasão seria inevitável, a PM acabou liberando o acesso. A situação fez o presidente da AL, Ademar Traiano (PSDB), suspender a sessão por tempo indeterminado. 
Acuados, parlamentares governistas se esconderam em uma sala anexa ao plenário e só saíram sob escolta policial. Apesar do clima de revolta, a ocupação foi relativamente pacífica, sem registro de feridos. Até o fechamento desta edição, a assessoria de imprensa da AL não tinha um balanço dos estragos causados, nem sabia precisar quando seria possível retomar a plenária. A reportagem verificou que as grades do Comitê de Imprensa, as portas de vidro das galerias e algumas caixas de votação utilizadas pelos deputados foram danificadas. 
Traiano informou, por meio de nota, que se reuniria hoje com os líderes partidários, em horário a ser definido, para discutir formas de retomar os trabalhos. O presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, contudo, contou que a intenção dos professores era não arredar o pé da AL até que o governo retrocedesse. Às 20 horas, eles já se organizavam para verificar quem seria responsável por buscar água e comida para o "acampamento". "Essa é uma ocupação que denuncia a humilhação que o governador tem posto aos servidores públicos de forma geral. Ao invés de ficarmos nas escolas, atendendo aos alunos, precisamos vir aqui e reivindicar os nossos direitos", afirmou. 
O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), atribuiu a invasão a uma "falta de informação" por parte dos trabalhadores. "Vivemos num Estado democrático de direito. A violência nunca é solução para nada. Lamento que demagogos inflaram as pessoas, enganando-as, quando na verdade já tínhamos feito todas as alterações necessárias para preservar os direitos dos professores." De acordo com o peemedebista, os parlamentares foram ameaçados e, se não fosse a ação da PM, "dificilmente teriam passado incólumes". 
A última ocupação dessa magnitude na AL havia acontecido em agosto de 2001, durante a votação de um projeto popular que tentava impedir a privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Com a rejeição dos deputados, cerca de três mil pessoas, a maioria estudantes, tomaram as galerias e subiram na mesa da presidência. Na ocasião, a pressão popular acabou levando o então governador Jaime Lerner (PFL) a desistir da venda da companhia.

folhaweb.com.br - Fotos: Theo Marques 

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