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janeiro 06, 2015

Mulher se sensibiliza e custeia enterro de Hilda Furacão, diz asilo argentino



  Uma mulher, que não quis se identificar, foi a responsável pelo enterro do corpo de Hilda Maria Valentim, conhecida como Hilda Furacão. Ela morreu aos 83 anos, no dia 29 de dezembro, em um asilo em Buenos Aires, na Argentina, de "causas multiorgânicas" – ela começou a ficar debilitada por um problema respiratório, depois agravado por uma falha renal. Hilda era mantida numa ala de internação há oito meses devido à saúde frágil. Até um mês atrás, estava totalmente lúcida. Depois, passou a ter “flashes” eventuais de lucidez. O funeral aconteceu na última sexta-feira (02/01), no Cemitério Municipal de Chacarita.
O diretor do lar Guillermo Rawson, lugar em que Hilda viveu seus últimos anos, Jorge Stolbizer, disse que foi procurado no dia 31 de dezembro por uma pessoa interessada em dar um enterro digno à ex-prostituta, que se tornou um mito em Belo Horizonte.
"Ela disse que é funcionária do consulado do Brasil em Buenos Aires e me pediu para que o nome dela não fosse divulgado. O consulado, segundo ela, não sabe da boa ação", conta Stolbizer. O motivo que fez a mulher procurar o asilo teria sido solidariedade. "Ela disse que teve pena e resolveu ajudar", explica o diretor.
  Ainda de acordo com Stolbizer, a mulher disse que não tinha nenhuma relação com Hilda, mas que ficou sensibilizada ao saber do caso. Ninguém havia reclamado pelo corpo até a última quarta-feira. "Nós havíamos tentado de tudo. Até procuramos o Boca Juniors [clube em que o marido de Hilda, Paulo Valentim, jogou nos anos 50], mas ninguém se interessou por ela. Já estávamos perdendo a esperança quando esta senhora apareceu", desabafa.
O enterro custou cerca de R$ 1 mil que foram pagos pela benfeitora. Apenas ela e Jorge Stolbizer compareceram ao enterro. "Nós fomos até a funerária, escolhemos o caixão, colocamos Dona Hilda lá, tiramos algumas fotos e a enterramos. Ninguém mais apareceu", disse o diretor.
Se esta mulher tivesse demorado mais um dia, o funeral teria sido bancado pelo governo argentino e seria muito mais modesto, já que o corpo de Hilda estava no necrotério a quase 48 horas, prazo máximo para liberação, segundo Stolbizer.
Hilda Furacão
Hilda Maia Valentim, conhecida como Hilda Furacão, foi eternizada em um livro escrito por Roberto Drummond. A história virou minissérie, exibida em 1998 pela TV Globo, na qual Ana Paula Arósio representou a personagem.
Hilda era viúva do ex-jogador do Boca Juniors Paulo Valentim. O jornalista Ivan Drummond, parente de Roberto Drummond, foi quem localizou Hilda no país vizinho. Uma assistente social brasileira entrou em contato com Ivan após elucidar a história da paciente. Em agosto de 2014, a reportagem do Fantástico foi até o asilo e conversou com Hilda, que na época estava com 83 anos.
Viúva desde 1984, ela morava com um filho até que ele morreu, no ano passado. Hilda sofreu uma queda e ficou internada seis meses em um hospital público em Buenos Aires. Depois ela foi levada para o asilo mantido pela prefeitura.
Na obra de Roberto Drummond, Hilda é descrita como uma mulher linda, jovem da alta sociedade mineira que larga a família e se transforma em uma das mais famosas prostitutas de Belo Horizonte na década de 1950. A rainha da zona boêmia deixava os homens loucos, entre eles, até um frei dominicano, papel de Rodrigo Santoro.
O autor do livro, Roberto Drumond, morreu em 2002. Em 1991, ele deu pistas sobre a personagem. "Hilda existiu. Agora de tal forma ela foi mitificada, e mistificada que ela se transformou em um boato. Um boato festivo, colorido, maravilhoso, então o livro é contado através desse boato", contou o criador de Hilda Furacão.

G1

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