Homens mascarados, gritando "Allahu akbar!" (Deus é Grande!),
invadiram o escritório da revista satírica Charlie Hebdo ontem (07/01), matando
12 pessoas antes de fugirem. Foi o pior ataque terrorista na França em
pelo menos duas décadas. O caricaturista Jean Cabut, conhecido pelos
leitores pelo nome de Cabu, e Stéphane Charbonnier, editor do jornal,
que usava o pseudônimo Charb, estão entre os mortos. Dez jornalistas —
incluindo quatro dos melhores cartunistas do país — e dois policiais
foram mortos. Um dos policiais havia sido designado para atuar como
guarda-costas de Charb.
O ministro do Interior Bernard Cazeneuve disse que as forças de
segurança realizam buscas em toda a cidade à procura dos homens que
atacaram a publicação.
Corinne Rey, cartunista que afirmou ter sido forçada a permitir a
entrada dos homens no prédio do jornal, disse que eles falavam francês
fluentemente e que afirmaram ser da Al-Qaeda. Em entrevista ao jornal
l'Humanite, ela declarou que a ação deve ter durado uns cinco minutos.
O presidente francês François Hollande chamou a ação contra a
publicação, que costuma atrair críticas de muçulmanos, de "um ataque
terrorista, sem dúvida". Segundo ele, vários outros ataques foram
evitados na França "nas últimas semanas".
A França elevou seu nível de alerta de segurança para o patamar mais
alto e reforçou a segurança em templos, lojas e escritórios de empresas
de comunicação e de transporte. As principais autoridades do governo
realizam uma reunião de emergência à tarde e Hollande deve fazer uma
declaração em rede nacional de televisão à noite.
Uma testemunha que trabalha nas proximidades, Benoit Bringer, disse à
rede iTele que viu vários homens mascarados, armados com rifles
automáticos no escritório da revista, no centro de Paris.
Os homens subiram ao segundo andar do prédio e começaram a realizar
disparos de forma indiscriminada na redação, informou Christophe
DeLoire, integrante do grupo Repórteres Sem Fronteiras. "Este é o dia
mais negro da história da imprensa francesa", afirmou ele.
Luc Poignant, funcionário do sindicato dos policiais de Paris, disse
que os homens fugiram num carro que os estava esperando e que, mais
tarde, trocaram de veículo, usando um carro que havia sido roubado.
A porta-voz da promotoria de Paris, Agnes Thibault-Lecuivre, confirmou que 12 pessoas morreram no ataque.
Imagens publicadas no site da emissora estatal France Televisions
mostram dois homens vestidos de preto num cruzamento, aparentemente
fazendo disparos. O grito de "Allahu akbar" pode ser ouvido em meio aos
disparos.
Os ataques levaram à intensificação das medidas de segurança na
capital francesa. O atentado desta quarta-feira é um dos piores em Paris
desde 1995, quando uma bomba explodiu na estação de metrô Saint-Michel,
matando oito pessoas.
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